enviando descargas elétricas para m inha coluna.
Finalm ente, quando achei que poderia explodir, a m ão dele m oveu-se para o
m eu quadril e ele afastou a boca do m eu om bro.
— Ah, graças a Deus! — m urm urei quando ele tirou um a cam isinha da
gaveta da m esinha de cabeceira, sabendo o que viria a seguir.
— Acho que é bom eu não m e im portar de ter você por perto — disse ele
com um sorriso convencido. — Agora, deixe-m e responder a essas questões que
você diz que tem sobre m inha sexualidade.
E m inha m ente enevoou-se de novo.
Mas eu não podia negar que as coisas estavam saindo do controle. Ficou
dolorosam ente claro para m im em um a tarde de sexta-feira que algo não estava
certo.
A sra. Perkins estava entregando trabalhos antigos com as notas e
conversando sobre um livro da Nora Roberts que tinha acabado de ler —
totalm ente alheia ao fato de que ninguém a escutava — quando parou ao lado da
m inha carteira. Ela m e deu um am plo sorriso, m eio bobo, com o o sorriso de um a
avó orgulhosa.
— Seu trabalho ficou ótim o — sussurrou para m im . — Um a abordagem
bem interessante de Hester. Você e o sr. Rush são um a ótim a dupla.
Em seguida entregou-m e um a pasta de papel pardo, dando um a batidinha
em m eu om bro.
Abri a pasta enquanto a professora se afastava, um pouco confusa pelo que
ela havia acabado de dizer. Dentro havia um texto que reconheci im ediatam ente.
A fuga de Hester: uma análise por Bianca Piper e Wesley Rush. No canto superior
esquerdo, a sra. Perkins havia escrito nossa nota com um a tinta verm elha
vibrante: 9,8. Um A.
Não consegui deixar de sorrir para a folha de papel. Havia m esm o passado
apenas um m ês e m eio desde que tínham os escrito aquilo j untos no quarto de
Wesley ? Desde a prim eira vez que tínham os transado? Pareciam décadas.
Milênios. Olhei através da sala para ele, e m eu sorriso se apagou.
Ele estava falando com Louisa Farr. Não, não apenas falando. Falar envolve
apenas a vibração das cordas vocais, e estava acontecendo bem m ais que isso. A
m ão dele estava no j oelho dela. As bochechas dela estavam ficando verm elhas.
Ele estava sorrindo para ela, com aquele sorriso fofo e convencido.
Não! Sorriso repugnante. Desde quando eu achava que aquela exibição de
arrogância era fofa? E o que era aquele aperto esquisito que eu sentia no peito?
Desviei o olhar quando Louisa com eçou a m exer no colar, um sinal
definitivo de flerte.
Vadia.
Estrem eci, surpresa e m eio preocupada. O que havia de errado com igo?
Louisa Farr não era um a vadia. Claro que ela era um a líder de torcida patricinha
— era cocapitã do Esquadrão das Magrinhas —, m as Casey nunca tinha nada de
ruim a dizer sobre ela. A garota estava apenas conversando com um cara gato.
Todas nós faríam os o m esm o. E Wesley não era com prom etido ou algo assim .
Ele não tinha vínculos com ninguém .
Com o eu…
Ai, meu Deus! , pensei, dando-m e conta do que aquele aperto no peito devia
significar. Ai, meu Deus, estou com ciúme. Estou louca de ciúme! Merda!
Decidi que estava doente. Com febre ou TPM ou qualquer coisa que
prej udicava gravem ente m inha estabilidade m ental. Não havia m otivo no m undo
para que eu tivesse ciúm e de um conquistador com o Wesley cantando outra
pessoa. Quer dizer, era da natureza dele. O m undo poderia parar de rodar se
Wesley não flertasse com pobres garotas ingênuas. Por que ficaria com ciúm e?
Aquilo era ridículo. Ou então eu devia estar doente. Precisava estar.
— Está se sentindo bem , Bianca? — perguntou Jessica. Ela girou na cadeira
para olhar para m im . — Você parece chateada. Está irritada ou algo assim ?
— Estou bem — falei, m as estava trincando os dentes.
— Certo — disse Jessica. Ela era tão fácil de enrolar quanto m inha m ãe. —
Olha, Bianca, acho que você devia m esm o conversar com Casey. Ela está m eio
aborrecida, e acho que vocês duas precisam conversar abertam ente. Quem sabe
hoj e? Depois da aula?
— É… pode ser. — Mas eu não estava escutando. Estava ocupada dem ais,
inventando form as de m utilar o rostinho perfeito de Louisa.
TPM. Era definitivam ente um caso grave de TPM.
Saí da sala assim que o sinal tocou. Minha cabeça ia explodir se eu tivesse
que ouvir a risadinha infantil de Louisa, toda ai-estou-tão-feliz-que-você-estej a-
flertando-com igo-Wesley, m ais um a vez. Quem im portava se ela era tão
m agrinha quanto m eu dedo m indinho e tinha seios do tam anho de bolas de
basquete? Eu podia apostar que o QI dela era 27.
Pare! pensei. Louisa nunca fez nada comigo. Não tenho o direito de pensar
essas coisas… mesmo que ela seja uma idiota.
Joguei m inhas coisas dentro do arm ário e corri para o refeitório, ansiosa
para escapar do prédio da escola. Estava tão preocupada em não pensar no m eu
ciúm e induzido pela TPM que nem vi Toby até derrapar e parar a poucos passos
dele.
— Com pressa? — perguntou.
— Um pouco. — Suspirei. — Desculpa por quase atropelar você.
— Não tem im portância. — Ele com eçou a brincar com os óculos, nervoso.
— Mas se im porta de dim inuir um pouco o ritm o? Queria falar com você.
Não estava tão surpresa. Toby e eu nos tornáram os am igos nas últim as duas
sem anas. Basicam ente, conversávam os na aula de organização política
avançada, m as, de qualquer form a, era um claro progresso. Na verdade, eu até
estava m e sentindo um pouco confortável perto dele. Apesar de m eu coração
ainda se agitar um pouco quando ele entrava na sala, não achava m ais que
ficaria sem voz.
— Claro — respondi. Pelo m enos isso m e daria outra coisa em que pensar
por alguns m inutos.
Ele sorriu e seguiu cam inhando ao m eu lado.
— Você consegue guardar um segredo? — perguntou quando chegam os ao
refeitório, onde o corpo estudantil estava reunido esperando o últim o sinal da
tarde, que liberaria todo m undo.
— Quase sem pre. Por quê?
— Lem bra quando eu faltei à aula há algum as sem anas? No dia seguinte ao
Dia dos Nam orados?
— Aham . Acho que foi o pior dia da vida do sr. Chaucer — respondi. —
Pensei que o cara fosse chorar quando se deu conta de que não tinha ninguém ali
para fazer a m aior parte do trabalho dele.
Toby riu, m as apenas um pequeno riso, e contou:
— Faltei à escola… bem , para um a entrevista. — Tirou um envelope grande
da parte interna do casaco e sussurrou: — Eu m e candidatei para Harvard.
Acabei de receber a carta-resposta hoj e de m anhã.
— E por que é um segredo?
As bochechas dele ficaram rosadas, da form a m ais bonitinha possível.
— Não quero ser hum ilhado se não for aceito — j ustificou ele.
— Você vai ser.
— Você não tem com o saber.
— Tenho sim .
— Gostaria de ter tanta confiança em m im m esm o quanto você tem .
— Ah, fala sério, Toby — falei, séria. — Todos os grandes políticos, com o
senadore
s e presidentes, vão para universidades incríveis. Você vai ser um
grande político, então eles têm de deixá-lo entrar. Além disso, você é um dos
caras m ais inteligentes do últim o ano. Você vai ser o orador da turm a, não vai?
— Vou — concordou Toby, franzindo a testa para o envelope. — Mas… m as
é Harvard.
— E você é Toby. — Dei de om bros. — Mesm o que não tenha entrado, há
um m ilhão de outras universidades que dariam tudo pra ter você. Mas isso não
im porta, porque eu sei que você entrou. Faça um favor a si m esm o e abra a
carta.
Toby parou no m eio do refeitório e sorriu para m im .
— Viu? — disse ele. — É por isso que eu queria que fosse você que estivesse
com igo quando eu abrisse. Eu sabia que você…
Eu o interrom pi.
— Apesar de eu estar segura que as próxim as palavras que você vai dizer
serão incrivelm ente gentis, tenho cem por cento de certeza de que você está
enrolando. Abra a carta, Toby. Mesm o um a rej eição é m elhor do que ficar
patinando nesse inferno. Você vai se sentir m elhor depois de ter lido.
— Eu sei. Eu…
— Agora falei com firm eza.
Toby rasgou o envelope, e eu m e dei conta de com o aquilo era estranho. Ele
tinha vindo até mim para discutir algo tão íntim o. Para ter apoio. Para se sentir
encoraj ado. Meses antes, em j aneiro, eu j am ais teria im aginado que diria para
Toby Tucker abrir a carta de aceitação dele na universidade. Jam ais teria
im aginado que falaria com ele, ponto.
Uau, com o tudo pode m udar...
Da m elhor form a possível, claro.
Ele tirou a folha de papel do envelope rasgado com dedos trêm ulos e
com eçou a ler. Fiquei observando os olhos dele passando pela página e se
arregalando. Seria alegria ou dor? Choque, talvez? Surpresa por ter entrado ou
surpresa por não ter?
— Então?
— Fui… Fui aceito. — Toby deixou cair a folha de papel, que flutuou
graciosam ente até o chão. — Bianca, eu entrei! — Ele m e agarrou pelos om bros
e m e puxou contra o peito para m e abraçar.
Isso era outra coisa que eu j am ais teria esperado que acontecesse, lá atrás,
em j aneiro.
— Eu disse que você ia entrar — respondi, abraçando-o de volta.
Por cim a do om bro dele, avistei Casey e Jessica cam inhando pelo refeitório.
Estavam olhando para m im enquanto passavam pelo aglom erado de alunos;
viram -m e nos braços de Toby. Mas por algum m otivo a expressão no rosto delas
não refletia a alegria que eu sentia. Jessica parecia m eio triste, m as Casey …
bem , ela parecia sim plesm ente furiosa.
Por quê? O que estaria acontecendo com ela? Com as duas.
Toby m e apertou antes de m e soltar e se abaixar para pegar a carta do chão.
— Não posso acreditar. Meus pais não vão acreditar!
Desviei os olhos das m inhas am igas enquanto elas desapareciam atrás de
um grupo de calouros e voltei m inha atenção para o garoto radiante à m inha
frente.
— Se eles conhecerem você um pouquinho, Toby, eles vão acreditar, sim —
falei. — Todos nós sabem os que você está destinado a grandes coisas, e faz m uito
tem po. Quer dizer, eu sei disso há anos.
Toby pareceu surpreso.
— Anos? Mas a gente só com eçou a se falar de verdade há algum as
sem anas...
— Mas som os da m esm a turm a desde que éram os calouros — expliquei. —
Não precisávam os conversar para que eu soubesse que você era incrível. — Dei
um sorriso e um a batidinha nas costas dele. — E você acabou de provar que eu
estava certa. — O sinal tocou, e eu m e voltei para as portas que davam para o
estacionam ento dos alunos. — Até m ais, Toby. Parabéns!
— Até. Obrigado, Bianca.
Quando passei pela porta dupla, fiquei pensando se não tinha falado dem ais.
Será que eu tinha m e denunciado com o aprendiz de perseguidora? Cara, tom ara
que não. A últim a coisa que queria era assustar o pobre rapaz, após m enos de um
m ês de am izade. Isso realm ente faria de m im um a perdedora.
Estava prestes a abrir a porta que levava ao estacionam ento dos alunos
quando um “hum -hum ” alto cham ou m inha atenção. Me virei e vi Casey
encostada no arm ário de troféus quase vazio da escola, com os braços cruzados
sobre o peito. O j eito com o os olhos dela se estreitaram m e irritou de cara.
— O que foi? — perguntei.
Ela m e lançou um olhar de reprovação e deixou os braços cair.
— Nada — resm ungou. — Esquece!
— Casey, o que você…?
— Agora não, B. — Ela deu m eia-volta e com eçou a se afastar de m im ,
batendo os pés. — Tenho treino de torcida.
Minhas m ãos foram autom aticam ente para o quadril.
— O que há de errado com você? — perguntei. — Você está sendo grossa
com igo.
Ela parou e olhou para m im por cim a do om bro.
— Eu estou sendo grossa? Você me ignora, e eu é que sou grossa? Qual é,
Bianca! — Balançou a cabeça. — Não im porta. Não vou ter essa conversa
agora. Não quando a gente devia ter conversado há dez m inutos, com o você disse
a Jess. Suponho que estivesse ocupada dem ais pendurada no pescoço daquele
nerd para…
— Criticar Toby m e parece bastante grosseiro, Casey — respondi. Ela não
podia falar aquilo! Ela sabia que eu gostava dele. Sabia que fazer com que ele
prestasse atenção em m im era im portante! Casey sabia e, m esm o assim , estava
m e enchendo por causa disso? — Você está agindo com o um a líder de torcida
patricinha e esnobe.
Os olhos dela faiscaram , e por um instante pareceu que ela ia m e bater.
Realm ente pensei que fosse entrar em um a briga de puxões de cabelo com
m inha m elhor am iga, com o em um reality show de garotas, bem ali, na frente
da porta do estacionam ento.
Mas Casey se afastou. Sem um a palavra. Sem nem um som . Ela apenas
cam inhou na direção do ginásio, m e deixando com raiva e com pletam ente
confusa.
Eu j á tinha brigado com Casey ; é inevitável que isso aconteça quando se é
am iga há tanto tem po quanto éram os. No entanto aquela discussão realm ente m e
irritou, sobretudo porque eu não sabia qual era o problem a. Saí furiosa para o
estacionam ento, tentando im aginar o que podia ter feito para m erecer todo
aquele dram a. Claram ente eu desencadeara aquilo de algum a form a.
E é claro que as coisas pareciam ficar cada vez m elhores.
Meu carro não deu partida. Tentei um a vez e outra, porém continuei sem
resposta. A bateria estava com pletam ente arriada.
— Droga! — gritei, batendo com o punho no volante. Não era disso que eu
precisava. Será que m eu dia não tinha sido ruim o suficiente? Será que m inha
vida não estava ruim o suficiente? Era com o se nada, nunca, desse certo. —
Droga! Merda! Que inferno! Ligue, seu pedaço de…
— Problem as com o carro, Duff?
Parei no m eio dos xingam entos para lançar um olhar indignado à som bra
que m e incom odava. Abri a porta e disse a Wesley :
— A porcaria do m eu carro não quer ligar.
<
br /> Foi então que vi a garota ao lado dele. Magrinha. Seios grandes. Não era
Louisa Farr. Essa garota era m ais bonita. Tinha o rosto redondo e suave e o
cabelo castanho cacheado se espalhava pelos om bros, além de grandes olhos
cinzentos. Muito m ais bonita do que eu, claro. Talvez algum a caloura que só
tivesse precisado dar um a olhada no sorriso sexy de Wesley e no seu carro
reluzente, antes de se oferecer. De novo, senti aquela pontada de ciúm e. Apenas
TPM.
— Você quer um a carona? — perguntou ele.
— Não — respondi depressa. — Vou ligar para… — Mas para quem eu
ligaria?
Minha m ãe estava no Tennessee. Meu pai, no trabalho. Casey tinha treino de
torcida. Não que isso im portasse. Ela estava chateada com igo, de qualquer m odo,
e ela e Jess contavam com os pais — ou com igo — para levá-las de carro. Quem
viria m e buscar?
— Vam os, Duff — disse Wesley, abrindo um sorriso. — Você sabe que quer
vir com igo. — Ele abaixou-se para olhar nos m eus olhos. — Qual é a pior coisa
que pode acontecer?
— Estou bem . — Não havia nenhum a possibilidade de eu andar no m esm o
carro que Wesley e sua últim a conquista. Nada disso. Sem chance.
— Não sej a ridícula. Você pode cham ar alguém depois. Não faz sentido
ficar parada no estacionam ento até escurecer. Só preciso deixar a Am y
prim eiro, e depois posso levar você pra casa.
Amy, pensei. Então é esse o nome da vadia.
Foi aí que algo no fundo da m inha m ente deu um clique.
Ai, m eu Deus! Am y era a irmã dele! Olhei para a garota de novo, pensando
com o era que não tinha percebido. Cabelo castanho cacheado, olhos cinza-
escuros, m uito atraente. Idiota. A sem elhança era óbvia. Eu era m esm o um a
besta.
Wesley passou o braço por cim a de m im e tirou a chave da ignição.
— Certo — falei, sentindo-m e significativam ente m elhor. Peguei m eu
chaveiro de volta e larguei-o dentro da bolsa. — Vou pegar m inhas coisas. —
Assim que apanhei tudo de que precisava, tranquei as portas e segui Wesley até o
carro, facilm ente visível, j á que era o único Porsche do estacionam ento.
— Agora, Duff — disse Wesley quando sentou no lugar do m otorista. Eu
sentei atrás, para que Am y, que aparentem ente era do tipo calado, pudesse ficar
do lado do irm ão —, isso quer dizer que você vai ter de adm itir que eu, de vez em
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