Duff

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Duff Page 17

by Kody Keplinger


  quando, faço coisas boas para os outros.

  — Nunca disse que você não fazia coisas boas — respondi enquanto tentava

  m e acom odar no espacinho do assento de trás. Caram ba, para um carro tão

  sofisticado, o Porsche não tinha lugar nenhum para as pernas. Tive que sentar de

  lado, com os j oelhos levantados. Tão desconfortável! — Você faz. Mas só quando

  lhe traz algum a vantagem .

  Wesley deu um risinho irônico.

  — Ouviu isso, Am y ? Dá pra acreditar no que ela pensa de m im ?

  — Tenho certeza que Am y sabe com o você é.

  Wesley ficou quieto.

  Am y riu, m as parecia m eio nervosa.

  Ela não falou m uito durante o traj eto, em bora Wesley fizesse várias

  tentativas de incluí-la na conversa. Prim eiro, fiquei im aginando que fosse por

  m inha causa, porém não dem orou m uito para que eu percebesse que ela era

  apenas tím ida. Quando param os na frente da casa am pla e antiquada, que eu

  sabia que devia ser da avó de Wesley, Am y olhou para trás e disse baixinho,

  antes de sair do carro:

  — Tchau. Prazer em conhecê-la.

  — Ela é m eiga — com entei.

  — Ela precisa sair da concha. — Wesley suspirou enquanto a observava

  entrar depressa na varanda. Quando desapareceu dentro da casa (não era um a

  quase-m ansão, m as, claram ente, a avó tam bém tinha dinheiro), ele olhou para

  m im . — Você pode vir pra frente se quiser.

  Assenti e saí do carro. Abri a porta do passageiro e sentei no assento que

  Am y tinha acabado de deixar. Bem na hora em que fechei o cinto de segurança,

  ouvi Wesley soltar um gem ido baixo.

  — Qual é o problem a? — perguntei, erguendo os olhos. Mas tive m inha

  resposta antes que ele pronunciasse um a palavra.

  Um a m ulher na casa dos sessenta anos tinha acabado de deixar a casa e

  vinha na direção do carro. A avó de Wesley, sem dúvida. A avó de Wesley, que o

  detestava. Não era de adm irar que ele parecesse querer se esconder. Fiquei um

  pouco tensa enquanto observava a senhora, que estava m uito bem -vestida, com

  um suéter salm ão e um a calça de vincos perfeitos, aproxim ar-se do carro a

  passos largos.

  Wesley abaixou o vidro quando ela chegou perto o suficiente para escutá-lo.

  — Olá, vovó Rush. Com o vai?

  — Não brinque com igo, Wesley Benj am in. Estou furiosa com você. — Mas

  ela não parecia furiosa. A voz dela tinha um tom alto e suave. Sedosa. Parecia

  um a velhinha m uito doce, m as as palavras não com binavam com sua aparência.

  — O que foi que eu fiz dessa vez? — perguntou Wesley com um suspiro. —

  Usei os sapatos errados? Ou o carro não está lim po o bastante? Que im perfeição

  m inúscula você vai j ogar na m inha cara hoj e?

  — Sugiro que evite usar esse tom com igo — disse ela, com a voz m enos

  intim idante que se possa im aginar. Aquilo seria engraçado se Wesley não

  parecesse tão infeliz. — Viva sua vida com o quiser, m as deixe Am y fora disso.

  — Am y ? O que foi que eu fiz com Am y ?

  — Sinceram ente, Wesley — disse a avó com um suspiro dram ático. — Por

  que não deixa Am y pegar o ônibus? Não aprovo que você dirij a com ela e suas

  — fez um a pausa — amigas no banco traseiro. — Ela olhou por cim a de Wesley,

  fixando os olhos nos m eus por um instante antes de voltar para o neto. — Não

  quero que elas sej am um a influência negativa para sua irm ã.

  Por um segundo, fiquei confusa. Eu era um a aluna excelente. Nunca tinha

  arrum ado nenhum tipo de encrenca. E, no entanto, essa m ulher pensava que eu,

  de algum a form a, prej udicaria sua preciosa neta.

  De repente m e dei conta.

  Ela achava que eu era um a das vadias de Wesley. Achava que eu era um a

  garota vulgar com quem ele ia para a cam a. Wesley tinha m e contado que a sua

  avó desaprovava seu “estilo de vida”. Detestava que ele ficasse com m uitas

  garotas. E, m e vendo no banco traseiro, ela sim plesm ente tinha suposto que eu

  era outra vadia com quem ele dorm ia.

  Desviei os olhos, olhando pela j anela para evitar ver a expressão de

  desagrado no rosto da velha senhora. Sentia-m e m agoada e furiosa.

  Ainda m ais porque sabia que era verdade.

  — Isso não é da sua conta! — rosnou Wesley. Eu nunca tinha visto Wesley

  tão aborrecido. — Você não tem o direito de destratar m inha am iga, e

  certam ente não é você quem vai decidir o que faço com m inha própria irm ã.

  Você devia m e conhecer o suficiente para saber que não faria nada para

  prej udicá-la, apesar de você tê-la convencido do contrário. Não sou o m onstro

  que você diz a ela que eu sou, sabia?

  — Acho que eu deveria buscar Am y na escola, depois de hoj e.

  — Vá em frente — respondeu ele. — Mas você não vai m e m anter afastado

  dela. É m inha irm ã, e m inha m ãe e m eu pai vão ter um ataque se eu contar a

  eles que você está tentando desfazer nossa fam ília, vovó.

  — Sinto dizer que sua fam ília j á está desfeita, m eu caro.

  Ouvi um zum bido, o que indicava que Wesley estava fechando a j anela, e o

  m otor acelerou. Observei enquanto a velha senhora cam inhava de volta para

  casa. Depois, cantando os pneus, Wesley deu ré na entrada da casa e entrou a

  toda na rua. Preocupada, dei um a olhada para ele, sem saber o que dizer. Por

  sorte, ele falou prim eiro:

  — Sinto m uito. Não sabia que m inha avó ia sair. Ela não devia ter tratado

  você assim .

  — Está tudo bem — respondi.

  — Não, não está. Ela é um a bruxa.

  — Isso eu entendi.

  — E a pior parte é que ela está certa.

  — Sobre o quê? — perguntei.

  — Sobre nossa fam ília — disse ele. — Está certa. Está desfeita. Há m uito

  tem po. Minha m ãe e m eu pai estão sem pre longe, e m inha avó conseguiu ficar

  entre m im e Am y.

  — Am y ainda am a você.

  — Talvez — m urm urou ele. — Mas ela m e vê de outra form a. Minha avó

  convenceu-a de que sou um babaca im prestável. Notei o j eito com o Am y m e

  olha agora. Com o se estivesse triste. Com o se estivesse decepcionada com igo.

  Ela acha que sou um a pessoa péssim a.

  — Sinto m uito — falei baixinho. — Se eu soubesse, não teria feito aquela

  brincadeira sobre você só fazer coisas boas por… por vantagens.

  — Não tem problem a. — Ele reduziu um pouco a velocidade do carro. —

  Sinceram ente, você está certa. E m inha avó tam bém . Eu apenas não queria que

  Am y m e visse assim .

  Não consegui resistir ao im pulso de pousar m inha m ão sobre a de Wesley,

  que estava no câm bio. A pele dele era quente e m acia, e eu conseguia sentir a

  sua pulsação regular sob a palm a da m inha m ão. Esqueci a droga do m eu carro e

  m inha briga com Casey. Só queria que Wesley sorrisse de novo. Até aquele

  sorriso arrogante bastava para m im . Eu odiava que ele estivesse tão m agoado

  com a possibilidade de perder o respeito da irm ã. Queria confortá-lo. Gostava

  dele.

  Ai, m eu Deus. Gostava m esm o?

  capítulo 17

  Dez m inutos m ais tarde, o Porsche parou na entrada da m inha casa. Peguei

  m i
nhas coisas e alcancei a m açaneta.

  — Obrigada pela carona. — Um olhar para trás por cim a do om bro m e

  m ostrou que Wesley ainda estava em burrado. Bem , que se dane! Por que não?

  — Você pode entrar se quiser. Meu pai ainda não está em casa.

  Wesley deu um sorriso m alicioso enquanto desligava o carro.

  — Você é um a garotinha de m ente perversa, Duff. Parece que está tentando

  m e corrom per.

  — Você j á passou do estágio da corrupção há m uito tem po — garanti.

  Saím os do carro e seguim os j untos pelo cam inho que levava à entrada.

  Tirei o chaveiro da bolsa e destranquei a porta da entrada, deixando Wesley

  entrar na m inha frente. Observei seus olhos passar pela sala de estar e não

  consegui não m e sentir m eio envergonhada. Ele devia estar com parando o lugar

  com sua quase-m ansão. Obviam ente, não havia com paração. Minha casa não

  tinha nem porta-casacos na entrada, com o a da Jessica.

  — Gostei — disse Wesley. Ele olhou de volta para m im . — É aconchegante.

  — É um a palavra gentil para pequena, né?

  — Não. Estou falando sério. É confortável. Minha casa é grande dem ais até

  para quatro pessoas, e agora que sou o único ali quase o tem po todo… Prefiro a

  sua. Aconchegante, com o eu disse.

  — Obrigada. — Fiquei lisonj eada. Não que eu m e im portasse com o que ele

  achava, m as…

  — Onde é seu quarto? — perguntou ele, piscando para m im .

  — Sabia que íam os chegar nisso. E agora, quem está corrom pendo quem ?

  — Peguei-o pelo cotovelo e o guiei escada acim a. — Bem aqui. — Apontei para

  a prim eira porta. — Só quero avisar que é m ais ou m enos do tam anho de um

  pacote de biscoitos.

  Ele abriu a porta e espiou lá dentro. Depois olhou de volta para m im com

  aquele sorrisinho fam iliar.

  — Tem os espaço suficiente.

  — Suficiente para quê?

  Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, Wesley tinha m e pegado

  pelo quadril e m e em purrava para dentro do quarto. Chutou a porta atrás de nós,

  m e fez virar e m e encostou na parede. Com eçou a m e beij ar tão intensam ente

  que eu achei que m inha cabeça fosse se desencaixar. Ele m e pegou de surpresa,

  m as depois que passou o susto m e envolvi. Abracei-o pelo pescoço e o beij ei

  tam bém . Ele segurou m inha cintura com m ais força e em purrou m eu j eans para

  baixo, tanto quanto foi possível sem desabotoá-lo. Depois passou as m ãos sob o

  elástico da m inha calcinha e acariciou com a ponta dos dedos a m inha pele

  quente e arrepiada.

  Depois de alguns m inutos, ele afastou a boca da m inha.

  — Bianca, posso perguntar um a coisa?

  — Não — falei no m esm o instante. — Não vou fazer sexo oral em você. De

  j eito nenhum . Só a ideia disso é repugnante e degradante e… Não. Nunca.

  — Em bora isso m e desaponte um pouco — disse Wesley —, não era o que

  eu planej ava perguntar a você.

  — Ah! — Aquilo era m eio em baraçoso. — Bom , o que é, então?

  Ele tirou as m ãos da m inha calça e pousou-as gentilm ente nos m eus om bros.

  — De que você está fugindo agora?

  — O que você quer dizer?

  — Sei que seu ex-nam orado foi em bora da cidade há sem anas — disse ele.

  — Mas consigo perceber que ainda há algum a coisa que a incom oda. Mesm o

  que eu queira m uito acreditar que sou só eu, que você não consegue ficar longe

  de m im , sei que é m ais do que isso. Do que você está fugindo, Bianca?

  — De nada.

  — Não m inta.

  — Não é da sua conta, certo? — Em purrei-o para longe de m im e puxei

  m eu j eans de volta para o lugar. Autom aticam ente, aj oelhei do lado da pilha de

  roupas lim pas ao pé da cam a e com ecei a dobrá-las. — Vam os falar de outra

  coisa.

  Wesley sentou no chão ao m eu lado.

  — Certo — disse ele.

  Eu percebia que ele estava usando aquela voz de vou-ser-paciente-até-que-

  você-decida-m e-contar. Aquele tom que a gente usa com criancinhas. Pior para

  ele. Não ia acontecer nunca. Ele era só m eu brinquedo sexual, não m eu

  psicanalista.

  Conversam os sobre a escola enquanto eu dobrava as roupas. Quando

  estavam todas em pilhas arrum adas, fiquei de pé e fui sentar na cam a.

  — Você não vai guardar? — perguntou Wesley.

  — Não — disse.

  — Então pra que dobrá-las?

  Suspirei e m e estirei de costas, chutando longe m eu All Star.

  — Não sei — adm iti, descansando a cabeça no travesseiro e olhando para o

  teto. — Acho que é um hábito ou algo assim . Dobro as roupas toda noite, e isso

  m e faz m e sentir m elhor. É relaxante e clareia m inha cabeça. Então, na m anhã

  seguinte, rem exo nas pilhas para pegar o que vou vestir e ficam bagunçadas, aí

  dobro tudo de novo à noite. Com o um ciclo.

  Minha cam a rangeu quando Wesley deitou por cim a de m im , encaixando-se

  entre m eus j oelhos.

  — Sabe — disse ele, olhando para m im —, isso é m uito esquisito. Neurótica,

  de fato.

  — Eu? — Dei um a risada — Você é quem está tentando m e fazer abaixar a

  calça, tipo, dez segundos depois de um a tentativa fracassada de conversa sincera.

  Eu diria que som os am bos bem perturbados.

  — Taí um a verdade.

  Com eçam os a nos beij ar de novo. Dessa vez as m ãos dele ergueram m inha

  blusa e desabotoaram m eu sutiã. Não havia m uito espaço na m inha cam a de

  solteiro, m as Wesley, m esm o assim , conseguiu tirar m inha blusa e abrir m eu

  j eans em tem po recorde. Com ecei a tirar a calça dele tam bém , m as Wesley m e

  fez parar.

  — Não — disse ele, afastando a m inha m ão. — Você pode não querer fazer

  em m im , m as tenho a sensação de que vai apreciar isso.

  Abri a boca para discutir, porém fechei-a depressa quando ele com eçou a

  beij ar m inha barriga e descer. As m ãos dele com eçaram a puxar m inha calça e

  m inha calcinha para baixo, um a delas parando um pouco para fazer cócegas na

  área sensível acim a do m eu quadril, fazendo-m e pular, dando risadinhas. Sua

  boca foi descendo cada vez m ais, e fiquei surpresa ao notar quanto estava na

  expectativa do destino final.

  Já ouvira Vikki e até Casey falarem sobre os nam orados beij ando-as lá e

  com o aquilo era gostoso. Tinha ouvido falar, contudo não sabia se acreditava de

  verdade. Jake e eu nunca tínham os feito aquilo, e sem pre supus que era noj ento e

  esquisito.

  E foi m esm o m eio esquisito no com eço, m as depois deixou de ser. A

  sensação era… estranha… m as de um a form a boa. Safada, errada, incrível.

  Meus dedos apertaram os lençóis com força, e m eus j oelhos trem eram . Estava

  sentindo coisas que nunca havia sentido.

  — Ah… oh… — arquej ei, com prazer e surpresa e…

  — Ah, m erda.

  Wesley saiu de cim a de m im . Ele tam bém ouvira a porta do carro bater. O

  que significava que m eu pai estava em casa.

  Vesti a calcinha e abotoei a calça j eans depressa, m as dem orei um m inuto

  para encontrar o sutiã. Assim que eu estava com pletam ente vestida, aj eitei o

  ca
belo e fiz o possível para não parecer um a criança pega com a m ão no pote de

  biscoitos.

  — Devo ir em bora? — perguntou Wesley.

  — Não — respondi quase sem fôlego. Percebi que ele não queria voltar

  para a quase-m ansão vazia. — Fique m ais um pouco. Está tudo bem . Meu pai

  não vai se im portar. A gente só não pode… fazer isso.

  — E o que m ais tem pra fazer?

  Então, com o dois patetas, ficam os j ogando palavras cruzadas nas próxim as

  quatro horas e m eia. Quase não havia espaço no chão do m eu quarto para

  alguém tão alto quanto Wesley deitar-se de bruços no chão, m as ele conseguiu, e

  eu sentei na frente dele, com o tabuleiro entre nós dois enquanto soletrávam os

  palavras com o quixotesco e hegemonia. Não foi exatam ente a noite de sexta

  m ais excitante do m undo, m as m e diverti m uito m ais do que se tivesse ido para o

  Nest ou para algum a festa idiota em Oak Hill.

  Por volta das nove da noite, depois que acabei com ele três vezes —

  finalm ente, um j ogo em que eu conseguia ganhar dele! —, Wesley ficou de pé.

  — Acho que é m elhor eu ir pra casa — suspirou.

  — Certo — Levantei. — Vou levar você lá em baixo.

  Eu estava de tão bom hum or que tinha conseguido esquecer com pletam ente

  do m eu pai… até a gente dar com ele na sala de estar. Senti o cheiro de uísque

  antes de ver a garrafa na m esinha de centro, e m eu rosto ardeu de vergonha. Por

  favor, não repare, pensei com igo m esm a enquanto levava Wesley até a porta da

  frente. Claro que eu devia ter com eçado a m e preocupar quando papai não foi lá

  em cim a para ver de quem era o Porsche na entrada da nossa casa. Quer dizer,

  ter um carro tão vistoso parado na frente da nossa casa não era algo frequente.

  Talvez Wesley tam bém não tivesse pensado nisso. Era um a sexta-feira à noite,

  afinal. Pais podiam tom ar uísque nos finais de sem ana… bem , aqueles que não

  fossem alcoólicos em recuperação, porém Wesley não conhecia esse lado da

  história. Contanto que m eu pai agisse norm alm ente, aquela podia passar por um a

  noite com o qualquer outra.

  Mas, é claro, não tive esse tipo de sorte.

  — Abelhinha! — disse m eu pai, e eu pude ver que ele j á estava alterado.

  Ótim o. Fantástico. Ele tropeçou para ficar de pé e olhou para a porta da frente,

  onde Wesley e eu estávam os. — Ei, Abelhinha, eu nem sabia que você estava

 

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