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Duff

Page 14

by Kody Keplinger


  De novo? Sério m esm o? Era a décim a vez seguida que Wesley vencia desde que

  eu havia chegado, um a hora antes. Eu esperava encontrar um a loira de pernas

  com pridas saindo de seu quarto, m as, quando entrei, o cenário se m ostrava bem

  diferente. Wesley estava j ogando Soulcalibur IV. Com o adoro ser punida, eu o

  desafiei para um a partida.

  Meu Deus, preciso encontrar alguma coisa em que sou m elhor do que ele!

  E algum a coisa num personagem anim ado apanhando m uito fazia eu m e

  sentir m elhor. Sem perceber, consegui apagar a conversa entre m inha m ãe e

  m eu pai da cabeça. Tudo acabaria bem . Tinha de acabar bem . Eu só precisava

  ser paciente e deixar as coisas acontecerem . Nesse m eio-tem po, tinha de acabar

  com Wesley … ou pelo m enos tentar.

  — Eu disse pra você, sou incrível em tudo o que faço — provocou ele,

  largando o controle do PS3 no chão —, e isso inclui videogam es.

  Assisti ao personagem de Wesley na tela fazendo um a dancinha da vitória.

  — Não é j usto — m urm urei. — Sua espada é m aior do que a m inha.

  — Minha espada é m aior do que a de todo m undo.

  Joguei m eu controle na cabeça dele, m as claro que Wesley se abaixou e eu

  errei o alvo. Droga.

  — Pervertido!

  — Ah, por favor. — Ele riu. — Você m e deu a piada pronta, Duff.

  Franzi as sobrancelhas por alguns instantes, m as senti que a bronca que eu ia

  dar escapava pelos dedos. Finalm ente, balancei a cabeça… e sorri.

  — Você tem razão, facilitei as coisas pra você. Mas sabe o que dizem sobre

  os garotos: quanto m ais falam , m enor é.

  Dessa vez, quem franziu as sobrancelhas foi ele.

  — Am bos sabem os que isso não é verdade. Já provei pra você diversas

  vezes. — Ele sorriu e se inclinou na m inha direção, seus lábios próxim os à m inha

  orelha. — Posso provar de novo se você quiser… e eu sei que você tam bém quer.

  — Eu… eu não acredito que sej a necessário. — Adm inistrei a situação.

  Agora seus lábios desciam até m inha nuca, fazendo faíscas percorrer m inha

  coluna.

  — Ah, é? — rosnou ele em resposta. — Acho que tenho de provar, sim .

  Eu ri enquanto ele m e em purrava para o chão, um a de suas m ãos

  percorrendo o espaço acim a do lado esquerdo do m eu quadril, onde sinto m ais

  cócegas. Wesley tinha descoberto aquele ponto algum as sem anas antes, e eu

  fiquei furiosa com igo m esm a por perm itir que ele usasse isso contra m im . Agora

  ele podia m e fazer rir e m e contorcer quanto quisesse, e eu percebia com o ele se

  divertia com toda aquela encenação. Babaca.

  Seus dedos roçaram m eu ponto sensível no quadril enquanto sua boca se

  m ovia do pescoço para m inha orelha. Com ecei a rir descontroladam ente e fiquei

  totalm ente sem ar. Inj usto. Muito inj usto. Fiz m enção de escapar de seus braços,

  m as Wesley se m oveu com rapidez, prendendo m inhas pernas nas dele, e

  continuou fazendo cada vez m ais cócegas.

  Quando estava prestes a desm aiar sem oxigênio, senti algo vibrar em m eu

  bolso.

  — Para! Para! — choram inguei, tentando em purrá-lo para longe. Wesley

  m e soltou e se sentou ao m eu lado, eu recuperei o fôlego e tirei o telefone do

  bolso. Esperava que fosse m inha m ãe m e dando notícias sobre o que tinha

  acontecido entre ela e m eu pai — fazendo-m e lem brar de todas as m inhas

  preocupações —, m as quando olhei para o núm ero que m e cham ava m eu

  estôm ago deu outra reviravolta.

  — Ai, droga! É a Casey. — Olhei para Wesley, ainda deitado no chão com

  as m ãos atrás da cabeça. Sua cam iseta estava um pouco erguida, e eu podia ver

  os ossos de seu quadril por baixo do tecido esverdeado. — Não diga nada! Ela

  não pode saber que estou aqui! — Atendi e tentei falar da form a m ais suave

  possível: — Alô?

  — E aí? — O tom dela era agressivo. — O que foi que aconteceu com você?

  Jess m e disse que nós três iríam os passar a noite j untas e você sim plesm ente não

  aparece?

  — Desculpa — falei. — Aconteceu um a coisa.

  — Bianca, você tem dito m uito isso nos últim os dias. Sem pre acontece

  algum a coisa, ou você tem planos, ou…

  De repente, senti a respiração de Wesley atingir m inha nuca. Ele havia se

  levantado e vindo para trás de m im sem que eu percebesse. Seus braços

  agarraram m inha cintura, seus dedos com eçaram a desabotoar m inha calça

  j eans antes que eu pudesse im pedir.

  — … Jess estava cheia de esperanças que nós três fizéssem os algo divertido

  e…

  Não conseguia m e concentrar em um a palavra que Casey dizia enquanto a

  m ão de Wesley deslizava por dentro da cintura da m inha calça j eans, seus dedos

  avançando cada vez m ais.

  Não podia dizer um a palavra. Não podia m andá-lo parar, nem esboçar

  qualquer reação. Se o fizesse, Casey perceberia que eu estava acom panhada.

  Mas, m eu Deus, eu podia sentir m eu corpo se tornando um a bola de fogo. Ouvia

  as risadas contidas de Wesley sobre m eu pescoço; ele sabia que estava m e

  levando à loucura.

  — … eu estou tentando entender o que diabos está acontecendo com você.

  Mordi o lábio para im pedir um gem ido involuntário, as m ãos de Wesley

  descendo para um ponto que fazia m eus j oelhos trem erem . Podia sentir o sorriso

  irônico em seus lábios enquanto eles roçavam m inha orelha. Babaca. Ele estava

  m e torturando. Eu não aguentaria por m uito m ais tem po.

  — Bianca, você está aí?

  Wesley m ordeu o lóbulo da m inha orelha enquanto abaixava m inha calça

  j eans com sua m ão livre. A outra continuava m e causando arrepios.

  — Casey, eu preciso desligar.

  — O quê? B, o que está…

  Desliguei o telefone e o j oguei no chão. Tirei os braços de Wesley e o

  em purrei para o lado. Olhei-o com raiva, cara a cara. Ele estava adorando.

  — Seu filho da…

  — Ei! — disse ele, erguendo as m ãos em rendição. — Você m e m andou

  não falar nada, m as não disse nada quanto a…

  Peguei o controle do PS3 e apertei o botão que iniciava um a nova partida,

  determ inada a dar um a lição nele. Eu j á havia acertado o personagem dele

  várias vezes antes que Wesley sequer tivesse pegado o controle.

  — E você diz que eu sou trapaceiro! — resm ungou enquanto bloqueava um

  dos ataques de m inha gladiadora.

  — Você m erece. — Apertei os botões de ataque com fúria.

  Não im portava. Mesm o com toda a m inha reação dram ática, ele ainda

  venceria. Que droga.

  — Feliz Dia dos Nam orados, Duff. — Wesley se virou para m e parabenizar

  ironicam ente, seus olhos cinzentos cheios de um triunfo orgulhoso.

  Por que ele tinha de dizer aquilo? , m e perguntei enquanto m eus

  pensam entos voltavam aos m eus pais. Será que m am ãe j á havia contado a

  verdade a m eu pai? Será que estavam brigando? Chorando?

  — Bianca.

  Eu m e dei conta de que estava m ordendo m eu lábio com força dem ais

  quando o gosto m etálico do sangue alcançou m inha língua. Pisquei para Wesley,

  que m e fitava. Ele olhou para m eus olhos por alguns inst
antes, m as em vez de m e

  perguntar o que estava acontecendo, se estava tudo bem com igo, apenas apanhou

  o controle do PS3 e disse:

  — Vam os lá, vou com calm a dessa vez.

  Forcei um sorriso. Tudo se resolveria. Tinha de se resolver. — Não sej a

  idiota — falei para Wesley. — Eu que vou acabar com você dessa vez. Deixei

  você ganhar de propósito até agora.

  Ele riu; sabia que era tudo um blefe.

  — Vam os ver, então.

  E com eçam os um a nova partida.

  capítulo 15

  Eu nunca tinha ouvido nada tão horrivelm ente alto na vida. Era com o se um a

  bom ba tivesse explodido do lado do m eu ouvido… um a bom ba que pulsava no

  ritm o de “Thriller”, de Michael Jackson. Com pletam ente grogue, m e virei na

  cam a e peguei m eu celular, que vibrava na m esinha de cabeceira, olhando a

  hora antes de atender.

  Cinco horas da m anhã.

  — Alô? — grunhi.

  — Desculpe por acordar você, querida — disse m inha m ãe no telefone. —

  Espero não ter acordado Casey tam bém .

  — Hum . Está tudo bem . O que foi?

  — Saí de casa há um as duas horas — explicou ela. — Seu pai e eu tivem os

  um a longa conversa, m as… ele não está aceitando m uito bem a situação, Bianca.

  Eu sabia que ia ser assim . Bem , de qualquer form a, estou dirigindo por aí desde

  então, tentando pensar no que fazer a seguir. Decidi ir para um hotel em Oak Hill

  por alguns dias, para poder passar m ais tem po com você, e no fim de sem ana

  vou com eçar a levar m inha m udança para o Tennessee. Seu avô precisa de

  alguém para cuidar dele. Vai ser um bom lugar para eu m e instalar. Você não

  acha?

  — Claro — m urm urei.

  — Desculpe — disse m inha m ãe. — Eu devia ter deixado pra contar isso

  tudo a você m ais tarde. Volte a dorm ir. Ligue pra m im quando sair da escola,

  para saber em que hotel estou. Talvez a gente possa ver um film e hoj e à noite.

  — Boa ideia. Tchau, m ãe.

  — Tchau, querida.

  Recoloquei m eu celular na m esinha de cabeceira e m e espreguicei,

  abafando um bocej o. Essa cam a, com seu colchão m acio e lençóis caros, era

  confortável dem ais. Nunca senti tanta dificuldade em acordar de m anhã, porém

  consegui pôr os pés no chão, afinal.

  — Pra onde você vai? — perguntou Wesley com um a voz sem iadorm ecida.

  — Pra casa. — Vesti o j eans. — Preciso tom ar banho e m e arrum ar pra

  escola.

  Ele se apoiou no cotovelo para m e olhar. O cabelo dele estava todo

  despenteado, com cachos castanhos caindo sobre seus olhos e m eio erguido na

  parte de trás.

  — Você pode tom ar banho aqui — ofereceu. — Eu até posso m e j untar a

  você, se der sorte.

  — Não, obrigada. — Peguei m eu casaco no chão e j oguei-o sobre os

  om bros. — Será que vou acordar seus pais se sair pela porta da frente?

  — Seria difícil, j á que eles não estão aqui.

  — Não voltaram pra casa ontem à noite?

  — Não vão voltar até o final da sem ana — respondeu Wesley. — E só Deus

  sabe quanto tem po vão ficar. Um dia. Talvez dois.

  Agora que estava pensando nisso, m e dei conta de que nunca vira outro

  carro na entrada daquela quase-m ansão. Wesley sem pre parecia ser o único

  m orador da casa quando eu o visitava, o que acontecia m uito frequentem ente por

  aqueles dias.

  — Onde eles estão?

  — Não m e lem bro. — Ele deu de om bros e deitou de costas novam ente. —

  Viagem de trabalho. Férias no Caribe. Nunca consigo acom panhar.

  — E sua irm ã?

  — Am y fica na casa da m inha avó quando m eus pais estão fora da cidade

  — respondeu ele. — Ou sej a, praticam ente, o tem po todo.

  Voltei devagar para a cam a.

  — Então… — perguntei em voz baixa, sentando na beira do colchão — por

  que você não fica lá tam bém ? Im agino que sua irm ã gostaria de tê-lo por perto.

  — É possível — concordou Wesley. — Minha avó, no entanto, é outra

  história. Ela m e detesta. Não aprova m eu… — ele desenhou aspas com os dedos

  — estilo de vida. Aparentem ente, sou um a desgraça para o sobrenom e Rush e

  m eu pai devia ter vergonha de m im . — A risada dele era vazia e ácida. —

  Porque ele e m inha m ãe são um padrão de perfeição, sabe?

  — Com o é que sua avó sabe do seu, hã… estilo de vida?

  — Ela ouve as fofocas das am igas. As velhas bruxas escutam as netas

  falando de m im … — E quem poderia reprová-las? — e depois contam pra

  m inha avó o que sabem . Ela poderia até gostar de m im se eu tivesse um a

  nam orada séria por um tem po, m as um a parte de m im não quer lhe dar essa

  satisfação. Eu não deveria ter de m udar m eu estilo de vida só pra agradar a ela

  ou a qualquer outra pessoa.

  — Entendo o que você quer dizer.

  E entendia m esm o. Porque tinha pensado a m esm a coisa um m ilhão de

  vezes ao longo dos anos. Recentem ente, até a respeito dele. Seria fácil m udar a

  opinião de Wesley sobre m im , sair com outras pessoas ou colocar outra garota no

  m eu círculo de am igas — com o aquela caloura do tim e de basquete — para

  evitar ser um a Duff. Mas por que eu deveria fazer algum a coisa apenas para

  m udar o que ele ou qualquer outra pessoa pensava de m im ? Eu não deveria.

  Nem ele.

  De algum a form a, no entanto, a situação dele parecia diferente. Olhei em

  volta do quarto, sentindo-m e estúpida por querer com parar aquilo com a questão

  Duff. Depois, sem fazer de propósito, perguntei:

  — Mas você não se sente solitário? Nesta casa grande, sozinho...

  Ai, m eu Deus. Será que eu estava m esm o sentindo pena de Wesley ? Wesley,

  o pegador? O ricaço Wesley ? Wesley, o babaca? De todas as em oções que j á

  tinha sentido por ele, com paixão nunca havia sido um a delas. Que m erda estava

  acontecendo?

  Mas se havia algo pelo que eu sentia em patia, era o dram a fam iliar. Então

  parecia que Wesley e eu tínham os algo em com um . Droga.

  — Você esquece que eu raram ente estou sozinho. — Ele se sentou e m e

  olhou com um sorrisinho. Mas não m e encarou. — Você não é a única que m e

  acha irresistível, Duff. Norm alm ente tenho um fluxo contínuo de convidadas

  atraentes.

  Mordi o lábio, sem ter certeza se devia dizer o que m e passava pela cabeça.

  Acabei decidindo que era m elhor dizer de um a vez. Não faria m al nenhum ,

  afinal.

  — Escute, Wesley, pode parecer esquisito vindo de m im , j á que detesto você

  e tal, m as você pode se abrir com igo se quiser. — Parecia algo vindo de um

  film e rom ântico de quinta categoria. Ótim o. — Quer dizer, despej ei todas as

  m inhas baboseiras sobre Jake em você, então se quiser fazer o m esm o… bom ,

  por m im tudo bem .

  O sorrisinho desapareceu por um instante.

  — Vou lem brar disso. — Depois ele lim pou a garganta e acrescentou, seco:

  — Você não disse que precisava ir pra casa? Não vai querer chegar atrasada na

  escola.

  — Certo.

  Com ecei a levantar, m as a m ão quente dele envolveu m eu puls
o. Virei e o vi

  olhando para m im . Ele se inclinou e encostou os lábios nos m eus. Antes m esm o

  que eu m e desse conta do que estava acontecendo, ele se afastou e sussurrou:

  — Obrigado, Bianca.

  — Ahn… tudo bem .

  Não sabia o que pensar daquilo. Todas as outras vezes que Wesley e eu

  tínham os nos beij ado, tinha sido um enfrentam ento im petuoso e belicoso. Um a

  introdução ao sexo. Ele nunca tinha m e beij ado daquele j eito suave e sem

  desespero, e aquilo m eio que m e assustou.

  Mas não tive tem po de pensar nisso enquanto corria escada abaixo e pelo

  vestíbulo. Quando entrei no carro, precisei acelerar — o que eu realm ente,

  realm ente, detesto fazer — até m inha casa, e m esm o assim não cheguei lá antes

  das seis. Só m e restava um a hora e m eia para tom ar um a ducha, m e vestir e

  verificar com o estava m eu pai. Que j eito fantástico de com eçar o dia.

  Melhor ainda era o fato de que dava para ver que as luzes da sala de estar

  estavam acesas quando estacionei na entrada. Não era bom sinal. Meu pai

  sem pre — sempre — desligava todas as luzes antes de ir para a cam a. Fazia isso

  com o um ritual. Tê-las deixado acesas era definitivam ente um m au agouro.

  Ouvi o ronco assim que entrei na ponta dos pés e, im ediatam ente, entendi

  que ele tinha com prado m ais cervej a. Mesm o antes de ver as garrafas na

  m esinha de centro e seu vulto inconsciente no sofá, eu j á sabia.

  Ele ficara com pletam ente bêbado e apagara na sala.

  Com ecei a m e m exer, m as parei. Por m ais que eu quisesse, não tinha tem po

  para arrum ar a bagunça do m eu pai. Precisava subir. Precisava ir para a escola.

  E, enquanto m e esgueirava até o m eu quarto, convenci-m e de que tudo iria ficar

  bem . Ele estava apenas chocado, tudo ficaria bem , e esse… episódio passaria

  sem m ais incidentes. Não podia culpar o cara por alguns copos de cervej a a

  m ais, considerando a bom ba que m inha m ãe j ogara nele, né?

  Tom ei um banho rápido e sequei m eu cabelo com o secador (o que sem pre

  dem ora um século; sério, talvez eu devesse logo cortar o cabelo curtinho com o

  Casey, em vez de perder m eu tem po) antes de vestir roupas lim pas. Depois de

  escovar os dentes, desci de novo e fui até a cozinha pegar biscoitinhos recheados

  para com er no cam inho. Em seguida saí pela porta da frente.

  Quando afinal consegui chegar à escola, o estacionam ento dos alunos estava

 

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